O Comitê de Luta pela Legalização do Aborto/ Curitiba comunica que ESTÁ COM SUAS ATIVIDADES PARALISADAS desde o segundo semestre de 2009.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

sexta, debate

A situação atual dos debates sobre a legalização do aborto no Brasil.
Com Rosângela Talib, psicóloga e militante do grupo Católicas pelo Direito de Decidir.
27 de junho (sexta-feira)
No Centro Che às 14 horas. Praça Generoso Marques, n.90, Galeria Andrade, Edifício Cláudia, sala 202.
No Anfi-500 da Reitoria às 18:30 horas. Rua General Carneiro, 460, Ed. D. Pedro I, 5º andar.
Informações: 3024 0614

Realização: Centro de Estudos Políticos e Culturais Ernesto Che Guevara
Católicas pelo Direito de Decidir

Apoio: Núcleo de Estudos de Gênero/ UFPR
Comitê de Luta pela Legalização do Aborto/ PR

Rosângela Aparecida Talib
é responsável pela elaboração de projetos e relatórios e pela captação de recursos para a entidade Católicas pelo Direito de Decidir. Coordena o Projeto Aborto Legal - nos hospitais públicos. Formada em Psicologia pela PUC- Campinas e mestre em Ciências da Religião pela UMESP.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

nosso manifesto

Jornadas de Lutas no Dia Internacional da Mulher

A Saúde da Mulher e os Direitos Sexuais e Reprodutivos:

O Estado tem o dever de garantir a saúde aos cidadãos e cidadãs do Brasil. Esse é um direito que está na Constituição Federal. Mas o que significa o DIREITO À SAÚDE? Quer dizer que o governo deve tornar possível que todo mundo tenha acesso às ações e serviços que promovem, protegem e recuperam a saúde. Isso acontece com tratamento e por meio de políticas sociais e econômicas que previnam o risco de doença e de acidentes. Entre essas políticas, é possível citar: o planejamento familiar, a informação sobre métodos para evitar gravidez, a prevenção e o tratamento de doenças transmitidas em relações sexuais desprotegidas ou pelo sangue (como a AIDS), a assistência médica pré-natal e o apoio à maternidade. Essas políticas devem ser efetivadas em conjunto com a descriminalização e a legalização do aborto no País. Não há como garantir a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos sem o acesso ao aborto legal e seguro. Por não podermos recorrer ao SUS, nós mulheres abortamos em condições perigosas, em lugares contaminados, com profissionais despreparados/as – isso, quando conseguimos pagar uma clínica clandestina. A ausência do acesso aos métodos para evitar gravidez e a criminalização do aborto são uma forma de negar à mulher seu direito à saúde garantido pela Constituição. Todos e todas sabemos que, com essa política criminalizatória, são as mulheres pobres que mais sofrem com as conseqüências nefastas da interrupção da gravidez, algumas vezes completamente sozinhas, correndo sempre risco de vida por não poderem pagar um aborto seguro em clínicas clandestinas. É aí que a criminalização do aborto exibe seu perverso caráter classista, que certamente não atinge a família das pessoas que mandam nas leis e nos jornais.

Você sabia que:

- segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), metade das gestações são indesejadas e uma em cada nove mulheres recorre ao aborto?

- segundo o Ministério da Saúde, 31% das gestações terminam em aborto?

- segundo o Ministério da Saúde, anualmente são realizados cerca de 1,44 milhão de abortos espontâneos ou provocados no Brasil?

- na América Latina, 21% da mortalidade materna têm como causa as complicações do aborto feito de forma insegura?

- no Brasil, o aborto é a 4.ª causa de morte materna?

- no Brasil, a curetagem pós-aborto (coleta de restos de tecidos do útero) é o 2.º procedimento obstétrico mais praticado nas Unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), superado apenas pelos partos?

- no Brasil, em 2004, cerca de 244 mil mulheres foram atendidas para fazer curetagem ou tratar infecções pós-aborto?

- no Brasil, a interrupção da gravidez só é autorizada em casos de estupro e quando a vida da gestante corre risco?

- nos outros casos, o aborto é tratado como crime, mesmo quando o feto não tem cérebro, ou não tem a menor condição de viver depois do parto?

- a legalização do aborto não vem sozinha, mas com outras políticas de saúde coletiva para ajudar os homens e mulheres a escolher se devem ter filhos? Em Portugal, o número de abortos diminuiu depois que ele foi legalizado?

O que querem os Movimentos de Luta pela Legalização do Aborto?

A efetivação do direito à saúde, com mais informação sobre métodos para evitar gravidez para homens e mulheres, possibilitando que controlemos nossos próprios corpos, uma efetiva política de planejamento familiar no País, a assistência médica pré-natal e o direito de fazer o aborto com a adequada assistência médica e tratamento terapêutico. Este tema é uma questão de saúde pública.

08.03.2008, ato contra a mercantilização dos corpos das mulheres

Esta foi a fala feita na frente da Diva e da C&A, junto com a Rede - Mulheres Negras/PR, a Artemis e o Transgrupo Marcela Prado:

Quando falamos "mulheres em luta pelo fim da ditadura da beleza" estamos falando de um padrão de beleza e de feminilidade. Esse padrão diz que uma mulher tem que se cuidar. E se cuidar é tentar se parecer com uma modelo, que faz isso em tempo integral. É consumir cosméticos, freqüentar uma academia, não ter um segundo para parar e se informar da vida pública.
É saber que, quando um anúncio de emprego diz que exige "boa apresentação", ele quer um tipo único de apresentação. Saber que você vai ser discriminada se for negra, se for gorda, se assumir a passagem dos anos, se for transexual. Quando nos levantamos contra um padrão de beleza, queremos dizer que não existe só um jeito de ser mulher. Todas nós somos mulheres. Uma lésbica tem o direito de ser avaliada pelo tamanho do seu currículo, não pelo tamanho do seu cabelo. Uma transexual, que tem uma identidade de gênero de mulher, merece o respeito. Não só dos homens, mas também de nós, as outras mulheres.
Nós não aceitamos ter nossa imagem, nossa sexualidade vendida nos comerciais de cerveja. Não queremos aparecer como um acessório numa propaganda de carro. Nós não somos um brinde que vem com uma mercadoria.
A exploração da imagem feminina atinge a todas nós, mulheres, que somos ensinadas que é natural ser tratadas como coisas, desde pequenas. E nós não somos coisas. Nós trabalhamos em casa e fora de casa, e nem sempre temos acesso àquilo que produzimos. Ajudamos a movimentar o mundo. Somos sujeitos desse mundo.
E merecemos ter nossa individualidade respeitada.
Somos com tanta freqüência bombardeadas com esse padrão, que parece que estamos agredindo, desobedecendo uma regra quando não o seguimos. Não. É esse padrão que nos agride, que tenta limitar, e às vezes limita, a experiência de nossas vidas.
É um padrão de corpo, que diz que devemos ser mulheres biológicas brancas, jovens e magras. E é um padrão de comportamento também, que exclui muitas de nós, e que gera angústia e culpa em quem faz outras escolhas.
Nós, nesse dia da mulher, queremos ser solidárias a todas as que são, o tempo todo, solicitadas a dar explicações.
Ter filhos, por exemplo, é uma decisão individual. Mas hoje, em 2008, depois que muitas mulheres lutaram para defender nossos direitos, uma mulher que não quiser ter filhos ainda tem que responder por quê. Ou o contrário, se ela for transexual.
Muita coisa foi conquistada pelo movimento de mulheres. Hoje temos autonomia, nosso nome não é mais atrelado ao de nossos pais e maridos, quando casamos com homens. Mas mesmo assim, a nossa sexualidade continua vigiada. Como se ela fosse ilegítima quando não tem o fim de procriar.
Hoje temos o direito à propriedade, que foi conquistado, mas muitas viúvas lésbicas têm que enfrentar um monte de burocracia para conseguir sua herança, quando conseguem. Temos o direito de trabalhar fora, mas as mulheres negras têm salários menores. Muitas transexuais não são aceitas no mercado de trabalho. E são empurradas para fora mesmo, para a rua.
Temos o direito à vida, e isso é uma conquista porque antigamente a lei só falava nos homens, e não nas mulheres. Mas esse direito à vida é limitado, e muitas mulheres morrem fazendo aborto clandestino de filhos que elas teriam que assumir como se fossem só delas.
Os homens têm uma vida sexual independente dos filhos, porque a cobrança ainda cai toda em cima das mães.
Somos mulheres, com todas as nossas diferenças, e temos direito à vida. E temos direito também aos nossos corpos. Queremos nos libertar da opressão sobre os corpos das mulheres. Temos direito a decidir sobre ele. Não é o governo que tem que decidir por nós. Não ter sua autonomia sexual respeitada dentro de casa também é opressão. Fazer sexo contra a vontade é estupro, dentro e fora do casamento.
Hoje é um dia de nos fortalecer e lembrar que merecemos autonomia, não só diante do Estado como também diante de nossas famílias. E diante da indústria, que fica o tempo todo pedindo para comprarmos e nos vendermos, ao mesmo tempo.
(aqui podia entrar o lema da Marcha: "A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria". Ou outra palavra de encerramento?)
Artemis
Comitê de Luta pela Legalização do Aborto
Rede Mulheres Negras - PR
Transgrupo Marcela Prado