O Comitê de Luta pela Legalização do Aborto/ Curitiba comunica que ESTÁ COM SUAS ATIVIDADES PARALISADAS desde o segundo semestre de 2009.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mulheres pedem que CPI do Aborto não seja instalada

Aconteceu - 11/12/2008 21h10

Integrantes da bancada feminina da Câmara e de movimentos sociais pediram nesta quinta-feira, ao presidente Arlindo Chinaglia, que a comissão parlamentar de inquérito sobre o aborto clandestino no Brasil não seja instalada.


Para a deputada Maria do Rosário (PT-RS), incriminar as mulheres que precisam recorrer ao aborto não vai resolver o problema. "Esse tema não deve ser tratado como um caso de CPI, e sim de saúde. Nenhuma atitude policial contra as mulheres resolve essa questão, especialmente no caso daquelas que estão perdendo a vida e que, no desespero, encontram uma circunstância para a sua vida. Chega apenas de julgar e de não estender a mão", argumentou.

Já um dos autores do pedido de criação da CPI, deputado Miguel Martini (PHS-MG), rebate o argumento de que a investigação vai prejudicar as mulheres. "É o contrário. Estamos protegendo as mulheres. Qualquer aborto, mesmo com o maior cuidado, provoca um trauma irreversível, nos aspectos físico e psíquico. Portanto, quem praticar tem de ser punido. A vida é um bem supremo que só Deus dá e pode tirar", argumentou.

Mato Grosso do Sul
Segundo a diretora do Centro Feminista de Estudos e Assessoria, Guacira de Oliveira, a CPI vai expor mulheres que precisaram recorrer ao aborto. Ela afirmou que isso já vem ocorrendo no Mato Grosso do Sul, onde milhares de mulheres registradas numa clínica de aborto clandestino poderão ser condenadas à prisão.

"Dez mil mulheres foram indiciadas; 1,2 mil sofrem processos judiciais, acusadas de aborto, sem sequer direito a habeas corpus e a serem ouvidas. Criminalizando as mulheres não vamos avançar no respeito aos direitos humanos", disse.

Estratégia
De acordo com a deputada Rita Camata (PMDB-ES), o Parlamento deve contribuir para a questão buscando medidas que ampliem o acesso às políticas de planejamento familiar. "Não podemos legislar dentro de uma visão religiosa, moralista, mas sim pensando em inclusão social", ressaltou.

Segundo ela, a bancada feminina terá uma estratégia para barrar a CPI em fevereiro, quando recomeçam os trabalhos da Câmara.

Preocupação
Arlindo Chinaglia disse que, como parlamentar, se preocupa com os resultados, na vida de mulheres, do trabalho da CPI: "É evidente que uma CPI tem um caráter de investigação que pode chegar a questões pessoais, de forma rigorosamente indevida."

Porém, ele lembrou que, como presidente, precisa cumprir o Regimento Interno da Câmara. "Por parte da Mesa Diretora, é nosso dever cumprir as regras. Os requisitos para a instalação de uma CPI são o número de assinaturas necessárias e um fato determinado. Isso é analisado pela assessoria técnica da Casa", observou.

O pedido de abertura da CPI contou com 210 assinaturas, 39 a mais que o mínimo necessário. A CPI deverá investigar o comércio clandestino de substâncias abortivas e prática do aborto.

Notícias anteriores:
Chinaglia cria CPI para investigar aborto clandestino
CCJ aprova arquivamento do projeto sobre aborto
Polêmica marca audiência pública sobre aborto na CCJ

Reportagem - Alexandre Pôrto/Rádio Câmara
Edição - João Pitella Junior


(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')

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domingo, 23 de novembro de 2008

ATO EM SOLIDARIEDADE ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL E DOMÉSTICA EM CURITIBA

CONVITE PARA ATO DE VIGÍLIA

Compareça à vigília na Praça Tiradentes, em frente à Catedral, dia 25/11, das 18 às 22 horas.

Leve uma vela, vista uma roupa branca, coloque uma tarja preta no braço, leve um cartaz ou faixa de protesto. Contamos com você nesta manifestação.

As entidades do movimento social, movimento feminista e de mulheres abaixo enumeradas vêm a público convocar toda a população curitibana para um ATO PÚBLICO EM REPÚDIO À VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES no 25 de novembro de 2008. Nesta data, mulheres do mundo inteiro realizam atos e manifestações contra a violência doméstica, familiar e sexual.

O silêncio é cúmplice da violência e pai da impunidade. Por isso mesmo, é fundamental que nós, mulheres, levantemos nossa voz para denunciar a violência contra a mulher que ainda ocorre em silêncio em tantos lares e no conjunto da sociedade.

Não isentaremos mais o Estado da responsabilidade pelos "crimes passionais" e muito menos aceitaremos a desculpa vaga do aspecto "cultural". Sabemos que a cultura, porque é resultado da ação humana em sociedade, também pode ser mudada. A sociedade inteira é chamada a rejeitar esses atos de violência, e para isso, tem que transformar a educação e a inércia social que ainda legitimam o "machismo cultural".

Estudos apontam que uma mulher é espancada a cada 15 segundos no Brasil e ao menos 33% das mulheres já sofreram algum tipo de violência física.

Em Curitiba em média 4 mulheres são assassinadas por mês e no Paraná, excluindo a capital, mais 16 mulheres morrem vítimas de agressão por mês.

Por RACHEL, por LAVÍNIA, recentemente assassinadas em Curitiba... por nossas filhas, irmãs, mães, tias, avós, cunhadas... por nós, vamos realizar um grande protesto público, vamos manifestar nosso repúdio a toda forma de violência contra as mulheres e contra as meninas!

Pelo direito a uma vida sem violência!

Pela implementação da Lei Maria da Penha!

Convidam:

Rede Feminista de Saúde - Regional Paraná, APP-Sindicato, Marcha Mundial das Mulheres, Articulação de Mulheres Brasileiras, ABENFO/PR, Fórum Popular de Mulheres, Rede Mulheres Negras/PR, União Brasileira de Mulheres - UBM/PR, Comitê de Luta pela Legalização do Aborto, CEFÚRIA, CRESS-PR, CASLA, CMS, CEPAT, CUT/PR, IDHEA, Mandato Vereadora Josete, SEEB Curitiba, FETEC, Secretaria de Mulheres do PCdoB/PR, Transgrupo Marcela Prado, Artemis, SISMMAC - Sindicato do Magistério Municipal de Curitiba, SISMUC - Sindicato dos Servidores Municipais de Curitiba, OAB – Ordem dos advogados do Brasil- Seção do PR. SindSaúde/PR.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

audiência com o secretário de saúde

Movimento de Mulheres entrega propostas para a Saúde da Mulher ao Secretário de Estado da Saúde Hoje, dia 15, representantes de 11 entidades do movimento feminista e de mulheres entregaram ao secretário estadual da saúde do Paraná, Gilberto Berguio Martin, documento com inúmeras propostas para o fortalecimento da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PNAISM, tendo em vista a efetivação do Sistema Único de Saúde (SUS), em particular, a universalidade, eqüidade e integralidade. As mulheres reivindicaram ao Secretário a implementação da assistência em planejamento reprodutivo para homens, mulheres, adultos e adolescentes e a distribuição gratuita da contracepção de emergência em toda a rede pública estadual de saúde. Também discutiram a importância de se garantir pontos de atenção para o aborto legal e seguro como um direito reprodutivo constitutivo dos direitos humanos. Outra questão em pauta foi o Pacto pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal no Paraná, já que para o cumprimento das metas previstas torna-se necessário ações integradas do governo e da sociedade civil. As mulheres também entregaram ao Secretário documento com sugestões para o enfrentamento da Violência contra a Mulher. Reivindicaram, ainda, uma definição sobre a coordenação da área técnica de saúde da mulher da SESA e a manutenção de espaço permanente de diálogo para a conquista de avanços na saúde e qualidade de vida das mulheres paranaenses.O Secretário disse que no prazo de um mês as mulheres terão um retorno e apresentará de forma sistematizada todas as ações da saúde da mulher realizadas no Paraná, inclusive ações previstas para 2009 com outras 150 novas unidades da mulher e da criança. As representantes das entidades participantes afirmaram estar confiantes na parceria inaugurada com o atual secretário. Maria Goretti David Lopes - 9611 2783Coordenadora da Rede Feminista de Saúde - Regional ParanáPresidente da Associação Brasileira de Enfermagem - Nacional Alaerte Leandro Martins - 9154 1860Coordenadora da Rede Mulheres Negras – PR - Entidade Integrante do CES/PRElza CorreiaPresidente do Conselho Estadual da Mulher do Paraná, gestão 2005/06 Carmen Cristina Moura dos SantosPresidente da Associação Brasileira de Enfermagem - Seção Paraná Kleyde Ventura de SouzaPresidente da Associação Brasileira de Enfermeiros Obstetras e Obstetrizes - ABENFO Paraná Iara Freire e Maria Lúcia GomesPresidente e Diretora da Associação de Entidades de Mulheres do Paraná - ASSEMPA – Entidade Integrante do CES/PR Elza Maria Campos Executiva Nacional e da Coordenação Estadual da União Brasileira de Mulheres - UBM Doris Margareth de Jesus Integrante da Coordenação e do Comitê Político Nacional da Articulação de Mulheres BrasileirasSimone Frigo e Sabrina Bandeira Lopes Representantes do Comitê de Luta pela Legalização do Aborto/CuritibaÂngela Martins Integrante da Associação Paranaense de Lésbicas – Artemis Sandra Lia Bazzo Barwinski Presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/PR

Além da Simone Frigo, a Daniela Moller representou o Comitê de Luta pela Legalização do Aborto na audiência.

sábado, 27 de setembro de 2008

Manifesto contra a criminalização das mulheres que praticam aborto

Em defesa dos direitos das mulheres

Centenas de mulheres no Brasil estão sendo perseguidas, humilhadas e condenadas por recorrerem à prática do aborto. Isso ocorre porque ainda temos uma legislação do século passado – 1940 –, que criminaliza a mulher e quem a ajudar. A criminalização do aborto condena as mulheres a um caminho de clandestinidade, ao qual se associam graves perigos para as suas vidas, saúde física e psíquica, e não contribui para reduzir este grave problema de saúde pública. As mulheres pobres, negras e jovens, do campo e da periferia das cidades, são as que mais sofrem com a criminalização. São estas que recorrem a clínicas clandestinas e a outros meios precários e inseguros, uma vez que não podem pagar pelo serviço clandestino na rede privada, que cobra altíssimos preços, nem podem viajar a países onde o aborto é legalizado, opções seguras para as mulheres ricas. A estratégia dos setores ultraconservadores, religiosos, intensificada desde o final da década de 1990, tem sido o “estouro” de clínicas clandestinas que fazem aborto. Os objetivos destes setores conservadores são punir as mulheres e levá-las à prisão. Em diferentes Estados, os Ministérios Públicos, ao invés de garantirem a proteção das cidadãs, têm investido esforços na perseguição e investigação de mulheres que recorreram à prática do aborto. Fichas e prontuários médicos de clínicas privadas que fazem procedimento de aborto foram recolhidos, numa evidente disposição de aterrorizar e criminalizar as mulheres. No caso do Mato Grosso do Sul, foram quase 10 mil mulheres ameaçadas de indiciamento; algumas já foram processadas e punidas com a obrigação de fazer trabalhos em creches, cuidando de bebês, num flagrante ato de violência psicológica contra estas mulheres. A estas ações efetuadas pelo Judiciário somam-se os maus tratos e humilhação que as mulheres sofrem em hospitais quando, em processo de abortamento, procuram atendimento. Neste mesmo contexto, o Congresso Nacional aproveita para arrancar manchetes de jornais com projetos de lei que criminalizam cada vez mais as mulheres. Deputados elaboram Projetos de Lei como o “bolsa estupro”, que propõe uma bolsa mensal de um salário mínimo à mulher para manter a gestação decorrente de um estupro. A exemplo deste PL, existem muitos outros similares. A criminalização das mulheres e de todas as lutas libertárias é mais uma expressão do contexto reacionário, criado e sustentado pelo patriarcado capitalista globalizado em associação com setores religiosos fundamentalistas. Querem retirar direitos conquistados e manter o controle sobre as pessoas, especialmente sobre os corpos e a sexualidade das mulheres. Ao contrário da prisão e condenação das mulheres, o que necessitamos e queremos é uma política integral de saúde sexual e reprodutiva que contemple todas as condições para uma prática sexual segura. A maternidade deve ser uma decisão livre e desejada e não uma obrigação das mulheres. Deve ser compreendida como função social e, portanto, o Estado deve prover todas as condições para que as mulheres decidam soberanamente se querem ou não ser mães, e quando querem. Para aquelas que desejam ser mães devem ser asseguradas condições econômicas e sociais, através de políticas públicas universais que garantam assistência a gestação, parto e puerpério, assim como os cuidados necessários ao desenvolvimento pleno de uma criança: creche, escola, lazer, saúde. As mulheres que desejam evitar gravidez devem ter garantido o planejamento reprodutivo e as que necessitam interromper uma gravidez indesejada deve ser assegurado o atendimento ao aborto legal e seguro no sistema público de saúde. Neste contexto, não podemos nos calar! Nós, sujeitos políticos, movimentos sociais, organizações políticas, lutadores e lutadoras sociais e pelos diretos humanos, reafirmamos nosso compromisso com a construção de um mundo justo, fraterno e solidário, nos rebelamos contra a criminalização das mulheres que fazem aborto, nos reunimos nesta Frente para lutar pela dignidade e cidadania de todas as mulheres. Nenhuma mulher deve ser impedida de ser mãe. E nenhuma mulher pode ser obrigada a ser mãe. Por uma política que reconheça a autonomia das mulheres e suas decisões sobre seu corpo e sexualidade. Pela defesa da democracia e do principio constitucional do Estado laico, que deve atender a todas e todos, sem se pautar por influências religiosas e com base nos critérios da universalidade do atendimento da saúde! Por uma política que favoreça a mulheres e homens um comportamento preventivo, que promova de forma universal o acesso a todos os meios de proteção à saúde, de concepção e anticoncepção, sem coerção e com respeito. Nenhuma mulher deve ser presa, maltratada ou humilhada por ter feito aborto! Dignidade, autonomia, cidadania para as mulheres! Pela não criminalização das mulheres e pela legalização do aborto! Frente nacional pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto
Para assinar este manifesto clique no link:

domingo, 21 de setembro de 2008

ATO NACIONAL EM SOLIDARIEDADE ÀS MULHERES CONDENADAS POR FAZER ABORTO


DATA: 26 setembro de 2008
LOCAL DA CONCENTRAÇÃO: Praça Ramos - São Paulo - SP
HORÁRIO: a partir das 13h30min
Em seguida: Caminhada até o Tribunal de Justiça
Mais de duas mil mulheres estão sob ameaça de prisão. Algumas já foram indiciadas e outras estão cumprindo pena em Mato Grosso do Sul.

Elas tiveram sua privacidade invadida e suas vidas expostas à execração pública. Outras centenas correm os mesmos riscos em Estados como São Paulo e Rio Grande do Sul..

Trata-se de um atentado à autonomia e à dignidade das mulheres, em sua maioria pobre, sem acesso a assistência jurídica e psicológica.


Para evitar que esta e outras violações dos direitos humanos ocorram, proteste, participe do ato pelo fim da criminalização das mulheres e pela legalização do aborto no Brasil. Isso permitirá um tratamento digno às mulheres e a redução das mortes maternas.

Nesse mesmo dia, 26 de setembro, lançaremos uma Frente Nacional pela legalização do aborto com a participação de entidades e movimentos democráticos e populares. Este ato é parte das ações do Dia Latino Americano e Caribenho pela Legalização do Aborto.


Nenhuma mulher deve ser perseguida, humilhada, condenada ou presa pela prática do aborto.
Junte-se a nós! Vamos dar um basta à criminalização das mulheres e defender a legalização do aborto

FRENTE NACIONAL PELA NÃO CRIMINALIZAÇÃO DE MULHERES E PELA LEGALIZAÇÃO DO ABORTO

quarta-feira, 25 de junho de 2008

sexta, debate

A situação atual dos debates sobre a legalização do aborto no Brasil.
Com Rosângela Talib, psicóloga e militante do grupo Católicas pelo Direito de Decidir.
27 de junho (sexta-feira)
No Centro Che às 14 horas. Praça Generoso Marques, n.90, Galeria Andrade, Edifício Cláudia, sala 202.
No Anfi-500 da Reitoria às 18:30 horas. Rua General Carneiro, 460, Ed. D. Pedro I, 5º andar.
Informações: 3024 0614

Realização: Centro de Estudos Políticos e Culturais Ernesto Che Guevara
Católicas pelo Direito de Decidir

Apoio: Núcleo de Estudos de Gênero/ UFPR
Comitê de Luta pela Legalização do Aborto/ PR

Rosângela Aparecida Talib
é responsável pela elaboração de projetos e relatórios e pela captação de recursos para a entidade Católicas pelo Direito de Decidir. Coordena o Projeto Aborto Legal - nos hospitais públicos. Formada em Psicologia pela PUC- Campinas e mestre em Ciências da Religião pela UMESP.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

nosso manifesto

Jornadas de Lutas no Dia Internacional da Mulher

A Saúde da Mulher e os Direitos Sexuais e Reprodutivos:

O Estado tem o dever de garantir a saúde aos cidadãos e cidadãs do Brasil. Esse é um direito que está na Constituição Federal. Mas o que significa o DIREITO À SAÚDE? Quer dizer que o governo deve tornar possível que todo mundo tenha acesso às ações e serviços que promovem, protegem e recuperam a saúde. Isso acontece com tratamento e por meio de políticas sociais e econômicas que previnam o risco de doença e de acidentes. Entre essas políticas, é possível citar: o planejamento familiar, a informação sobre métodos para evitar gravidez, a prevenção e o tratamento de doenças transmitidas em relações sexuais desprotegidas ou pelo sangue (como a AIDS), a assistência médica pré-natal e o apoio à maternidade. Essas políticas devem ser efetivadas em conjunto com a descriminalização e a legalização do aborto no País. Não há como garantir a promoção dos direitos sexuais e reprodutivos sem o acesso ao aborto legal e seguro. Por não podermos recorrer ao SUS, nós mulheres abortamos em condições perigosas, em lugares contaminados, com profissionais despreparados/as – isso, quando conseguimos pagar uma clínica clandestina. A ausência do acesso aos métodos para evitar gravidez e a criminalização do aborto são uma forma de negar à mulher seu direito à saúde garantido pela Constituição. Todos e todas sabemos que, com essa política criminalizatória, são as mulheres pobres que mais sofrem com as conseqüências nefastas da interrupção da gravidez, algumas vezes completamente sozinhas, correndo sempre risco de vida por não poderem pagar um aborto seguro em clínicas clandestinas. É aí que a criminalização do aborto exibe seu perverso caráter classista, que certamente não atinge a família das pessoas que mandam nas leis e nos jornais.

Você sabia que:

- segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), metade das gestações são indesejadas e uma em cada nove mulheres recorre ao aborto?

- segundo o Ministério da Saúde, 31% das gestações terminam em aborto?

- segundo o Ministério da Saúde, anualmente são realizados cerca de 1,44 milhão de abortos espontâneos ou provocados no Brasil?

- na América Latina, 21% da mortalidade materna têm como causa as complicações do aborto feito de forma insegura?

- no Brasil, o aborto é a 4.ª causa de morte materna?

- no Brasil, a curetagem pós-aborto (coleta de restos de tecidos do útero) é o 2.º procedimento obstétrico mais praticado nas Unidades do Sistema Único de Saúde (SUS), superado apenas pelos partos?

- no Brasil, em 2004, cerca de 244 mil mulheres foram atendidas para fazer curetagem ou tratar infecções pós-aborto?

- no Brasil, a interrupção da gravidez só é autorizada em casos de estupro e quando a vida da gestante corre risco?

- nos outros casos, o aborto é tratado como crime, mesmo quando o feto não tem cérebro, ou não tem a menor condição de viver depois do parto?

- a legalização do aborto não vem sozinha, mas com outras políticas de saúde coletiva para ajudar os homens e mulheres a escolher se devem ter filhos? Em Portugal, o número de abortos diminuiu depois que ele foi legalizado?

O que querem os Movimentos de Luta pela Legalização do Aborto?

A efetivação do direito à saúde, com mais informação sobre métodos para evitar gravidez para homens e mulheres, possibilitando que controlemos nossos próprios corpos, uma efetiva política de planejamento familiar no País, a assistência médica pré-natal e o direito de fazer o aborto com a adequada assistência médica e tratamento terapêutico. Este tema é uma questão de saúde pública.

08.03.2008, ato contra a mercantilização dos corpos das mulheres

Esta foi a fala feita na frente da Diva e da C&A, junto com a Rede - Mulheres Negras/PR, a Artemis e o Transgrupo Marcela Prado:

Quando falamos "mulheres em luta pelo fim da ditadura da beleza" estamos falando de um padrão de beleza e de feminilidade. Esse padrão diz que uma mulher tem que se cuidar. E se cuidar é tentar se parecer com uma modelo, que faz isso em tempo integral. É consumir cosméticos, freqüentar uma academia, não ter um segundo para parar e se informar da vida pública.
É saber que, quando um anúncio de emprego diz que exige "boa apresentação", ele quer um tipo único de apresentação. Saber que você vai ser discriminada se for negra, se for gorda, se assumir a passagem dos anos, se for transexual. Quando nos levantamos contra um padrão de beleza, queremos dizer que não existe só um jeito de ser mulher. Todas nós somos mulheres. Uma lésbica tem o direito de ser avaliada pelo tamanho do seu currículo, não pelo tamanho do seu cabelo. Uma transexual, que tem uma identidade de gênero de mulher, merece o respeito. Não só dos homens, mas também de nós, as outras mulheres.
Nós não aceitamos ter nossa imagem, nossa sexualidade vendida nos comerciais de cerveja. Não queremos aparecer como um acessório numa propaganda de carro. Nós não somos um brinde que vem com uma mercadoria.
A exploração da imagem feminina atinge a todas nós, mulheres, que somos ensinadas que é natural ser tratadas como coisas, desde pequenas. E nós não somos coisas. Nós trabalhamos em casa e fora de casa, e nem sempre temos acesso àquilo que produzimos. Ajudamos a movimentar o mundo. Somos sujeitos desse mundo.
E merecemos ter nossa individualidade respeitada.
Somos com tanta freqüência bombardeadas com esse padrão, que parece que estamos agredindo, desobedecendo uma regra quando não o seguimos. Não. É esse padrão que nos agride, que tenta limitar, e às vezes limita, a experiência de nossas vidas.
É um padrão de corpo, que diz que devemos ser mulheres biológicas brancas, jovens e magras. E é um padrão de comportamento também, que exclui muitas de nós, e que gera angústia e culpa em quem faz outras escolhas.
Nós, nesse dia da mulher, queremos ser solidárias a todas as que são, o tempo todo, solicitadas a dar explicações.
Ter filhos, por exemplo, é uma decisão individual. Mas hoje, em 2008, depois que muitas mulheres lutaram para defender nossos direitos, uma mulher que não quiser ter filhos ainda tem que responder por quê. Ou o contrário, se ela for transexual.
Muita coisa foi conquistada pelo movimento de mulheres. Hoje temos autonomia, nosso nome não é mais atrelado ao de nossos pais e maridos, quando casamos com homens. Mas mesmo assim, a nossa sexualidade continua vigiada. Como se ela fosse ilegítima quando não tem o fim de procriar.
Hoje temos o direito à propriedade, que foi conquistado, mas muitas viúvas lésbicas têm que enfrentar um monte de burocracia para conseguir sua herança, quando conseguem. Temos o direito de trabalhar fora, mas as mulheres negras têm salários menores. Muitas transexuais não são aceitas no mercado de trabalho. E são empurradas para fora mesmo, para a rua.
Temos o direito à vida, e isso é uma conquista porque antigamente a lei só falava nos homens, e não nas mulheres. Mas esse direito à vida é limitado, e muitas mulheres morrem fazendo aborto clandestino de filhos que elas teriam que assumir como se fossem só delas.
Os homens têm uma vida sexual independente dos filhos, porque a cobrança ainda cai toda em cima das mães.
Somos mulheres, com todas as nossas diferenças, e temos direito à vida. E temos direito também aos nossos corpos. Queremos nos libertar da opressão sobre os corpos das mulheres. Temos direito a decidir sobre ele. Não é o governo que tem que decidir por nós. Não ter sua autonomia sexual respeitada dentro de casa também é opressão. Fazer sexo contra a vontade é estupro, dentro e fora do casamento.
Hoje é um dia de nos fortalecer e lembrar que merecemos autonomia, não só diante do Estado como também diante de nossas famílias. E diante da indústria, que fica o tempo todo pedindo para comprarmos e nos vendermos, ao mesmo tempo.
(aqui podia entrar o lema da Marcha: "A nossa luta é todo dia, somos mulheres e não mercadoria". Ou outra palavra de encerramento?)
Artemis
Comitê de Luta pela Legalização do Aborto
Rede Mulheres Negras - PR
Transgrupo Marcela Prado